Chef

Se de Carrara vem o melhor dos mármores, das montanhas do Afeganistão chega o mais belo lápis-lazuli. Muitos dos melhores desenhos e muitas das mais esplendorosas esculturas nascem da sua utilização. Vêm da terra. Vêm com a força dos produtos naturais.

Na gastronomia contemporânea há um permanente desafio ao qual se submetem “chefs” como Marco Gomes: abraçar a dimensão artística contida na conceção de cada novo prato, sem perder nunca o contacto com a tradição.

Uma tradição que nos aconselha a utilização tão vasta quanto possível dos produtos tradicionais, por deles emanar o verdadeiro sentido do que somos e deles escorrer a paixão pelas vivências cravadas na memória.

Para um homem como Marco Gomes, oriundo de uma família de Alfândega da Fé para quem cozinhar era uma outra forma de comunicar e partilhar, conteúdo e forma assumem, na gastronomia, uma função similar à que lhe conhecemos dos diferentes movimentos artísticos.

Tal como o artista pretende usar os melhores, mais adequados e por vezes mais ousados materiais para transmitir um ponto de vista, também Marco Gomes procura extrair dos produtos autóctones a sua máxima expressão. Depois, apresenta-os envoltos numa roupagem destinada a seduzir o olhar.

Marco Gomes, por muitos conhecido graças à sua ligação a outros projetos, ou pela presença regular nos órgãos de comunicação social, abre a cozinha do espaço Oficina à colaboração com um arco-íris de expressões artísticas. O desejo anunciado consuma-se na ambição de ver Arte e Gastronomia desaguarem num irresistível concubinato. A vida faz-se de paixões, e estas são algumas das paixões das nossas vidas.