Arte

Há uma visceral relação da cidade com o novo. Com a ideia de recriar o passado para construir um presente diferente, embora com o olhar sempre disponível para tentar descobrir o futuro. O passado nunca é um lugar distante quando consegue alimentar, com a sua memória, o seu exemplo, os seus arrojos, os caminhos outros que o presente engendra.

O projeto Oficina tem essa relação íntima com o desejo de fazer dos tempos – o tempo passado, o tempo presente, o tempo futuro – uma amálgama de desejos, espaços de sedução, inesperados encontros, feitos cruzamento do que em cada momento é, pode ser ou chegará a ser.

O Oficina não pretende ser apenas mais um restaurante. Numa apropriação de Magritte, dir-se-ia mesmo que o Oficina não é um restaurante. Pelo menos no sentido clássico e restritivo do termo. E não o é porque, na verdade, sendo também um restaurante, é muito mais que um restaurante.

Todo o conceito do Oficina está, desde a origem, ancorado numa sólida ideia de partilha, de diversidade, de descoberta, de fusão, até de apropriação das narrativas propiciadas por múltiplas aproximações a dois universos na aparência tão distantes e, afinal, tão próximos: a Gastronomia e a Arte.

Os edifícios assumem inusitadas capacidades de transformação. Este Oficina já foi, de facto, um espaço de reparação de automóveis. As reminiscências desse outro tempo permanecem, como numa tela reutilizada por um pintor. Os traços de identidade não foram apagados, nem anulados, nem escondidos

Antes, foram valorizados por Paulo Lobo, de modo a comporem um novo discurso estético e arquitectónico.

Entrar no Oficina será sempre um desafio. Porque este é o espaço destinado à afirmação de inovadoras propostas de arte contemporânea. Porque este será o espaço de consagração de propostas gastronómicas inovadoras, embora com profundas raízes nos saberes e nos sabores da tradicional cozinha portuguesa.

A Arte do Oficina será tanto maior, quanto mais decidido e apaixonado for esta espécie de casamento entre a expressão sensorial de diversificadas aproximações artísticas e gastronómicas.

Na Rua Miguel Bombarda, a artéria do Porto por excelência dedicada à Arte, e num edifício onde se impõe já uma primeira intervenção artística assinada por Pedro Cabrita Reis, desaguam em cada instante novas tentações. Umas provocadas pela argúcia de um galerista como Fernando Santos, outras celebradas pela magia e a sensibilidade do chef Marco Gomes, um dos grandes nomes da cozinha portuguesa.